Censo 2022 revela 2,4 milhões de pessoas com autismo no Brasil: estamos preparados para essa realidade?

Censo 2022 revela 2,4 milhões de pessoas com autismo no Brasil: estamos preparados para essa realidade?

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26 de jun. de 2025

26 de jun. de 2025

Em maio de 2025, o IBGE divulgou pela primeira vez os dados do Censo Demográfico com informações específicas sobre pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O levantamento revelou que 2,4 milhões de brasileiros têm diagnóstico de autismo, o que representa 1,2% da população — proporção semelhante à observada nos Estados Unidos, segundo o CDC 2025.

A maior prevalência foi identificada entre crianças de 5 a 9 anos, com 2,6%, reforçando a importância do diagnóstico precoce e da intervenção especializada. Esses dados representam um marco na visibilidade da comunidade autista e impõem um novo desafio: como o Brasil pode garantir os direitos e atendimentos adequados para essa população?

Apesar dos avanços legislativos e do crescente debate público sobre o autismo, o Brasil ainda enfrenta sérios obstáculos para atender essa demanda:

  • Falta de serviços especializados em muitas cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste;

  • Longas filas de espera no SUS para avaliação diagnóstica e início de terapias;

  • Déficit na formação de profissionais da saúde, educação e assistência social para trabalhar com TEA;

  • Inclusão escolar precária, com poucos recursos e formação inadequada para os professores;

  • Sobrecarga das famílias, que muitas vezes precisam buscar atendimento privado com alto custo.

Essa realidade reforça que o número apresentado pelo Censo não é apenas uma estatística — ele carrega consigo a urgência de transformar políticas públicas, qualificar profissionais e criar ambientes mais preparados para acolher e desenvolver crianças, adolescentes e adultos autistas.

Diante desse cenário, algumas estratégias práticas e viáveis podem representar avanços importantes:

  • Investir em diagnóstico e intervenção precoce: a criação de linhas de cuidado específicas para o TEA no SUS, com protocolos claros, pode facilitar o acesso a serviços de triagem, diagnóstico e acompanhamento terapêutico desde a primeira infância.

  • Fortalecer a inclusão escolar com qualidade: a formação continuada de professores, a presença de mediadores capacitados e o acesso a recursos adaptados são fundamentais para garantir não apenas matrícula, mas permanência e aprendizado.

  • Apoiar e capacitar as famílias: uma das soluções mais eficazes e sustentáveis está no treinamento de pais e cuidadores. Essa abordagem, já consolidada em países como os EUA, permite que os responsáveis aprendam estratégias para estimular a comunicação, reduzir comportamentos desafiadores e maximizar o desenvolvimento no dia a dia.

  • Capacitar profissionais com base em evidências: é essencial ampliar a formação técnica e ética de profissionais da saúde, educação e assistência social, com foco em práticas baseadas em evidências científicas, como análise do comportamento aplicada (ABA). O seguimento de diretrizes clínicas atualizadas, como as de associações e organizações científicas, garante mais qualidade, segurança e resultados positivos para as pessoas com TEA.

  • Integrar saúde, educação e assistência: as políticas para o autismo não podem estar isoladas. É necessário articular esforços entre secretarias e serviços, garantindo continuidade e coerência nos atendimentos, desde a escola até a clínica.

O compromisso da Jano Saúde

Na Jano Saúde, reconhecemos o impacto desses dados e o tamanho do desafio, mas também acreditamos na transformação por meio do conhecimento, da escuta e da ação estruturada. Atuamos com um modelo interdisciplinar, baseado em ciência, escuta ativa às famílias e formação contínua da nossa equipe. Também investimos em programas de treinamento parental e grupos de habilidades sociais, porque entendemos que a mudança acontece dentro e fora das sessões.

O novo Censo não é só um retrato do presente, ele é um chamado para o futuro. Um futuro mais inclusivo, acessível e acolhedor.

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